segunda-feira, 24 de março de 2008

Inteiramente domingos

Falamos tanto em carta de amor. Falamos tanto em escolhas. Falamos tanto no acaso - que não existe para nós... Talvez existam domingos nossos de cada dia. Domingos para fazer de novo. Domingos do fim e começo. Domingos plenos. Domingos de mãos na barriga e ouvidos na pulsação. Domingos de olhos nos olhos e nenhuma palavra. Domingos de duras palavras e grandes suspiros. Domingos verdadeiramente domingos, dignos de preguiça, com zero de plano. Domingos que metem medo. Domingos que gritam de satisfação. Domingos que navegam e são navegados. Domingos que gozam geléia de verdade. São os domingos nossos de cada dia, que me preenchem, porque são nossos. Porque você é o meu instante, e me torna Michelle por inteiro.

Domingo

Verdades e mentiras não deveriam existir. Para que classificar o que se pensa o que se diz se somos tudo. Verdades para achar que são mentiras, mentiras para acreditar. Verdades que não afloram mentiras que magoam. Não me importará a classificação, se vejo só o que quero ver. Por que insistir em justificar através da “verdade” e fazer através da “mentira”? O frio que vem na barriga provém da verdade que tento disfarçar. A insegurança que vem a cabeça provém da mentira que não quero escutar. Verdades e mentiras. Até me parecem iguais. Alguém ainda me dirá que isso é perigoso. Mas mergulho em camadas desta confusão que é falar, pensar e sentir. Ora me encontro dupla. Ora não me encontro. Tudo está preso na idéia. Devo querer ação. Os instantes me tornam inteira, nem dupla, nem vazia, inteira. Ser apenas isso já me vale um tanto. Não quero as questões. Verdades e mentiras sempre serão demais para mim. São cruéis, reduzem a complexidade de tudo. Se é verdade é verdade. Se é mentira é mentira. Simples. Eu quero sempre mais, o todo contaminado, infectado, sem ressalvas nem reservas. Vá diga que há tempo para o domingo ser assim. Diz. Serão apenas palavras. Diz. Estou pronta para crer.