terça-feira, 28 de julho de 2009

O romântico e a revolucionária (R.R.)

Enquanto ele idealiza, ela chama para o combate, convoca seus soldados, abre o peito - dificilmente pensa em recuar - e segue na linha de frente.
Quase sem estratégia, a revolucionária questiona, como se em vez de arma usasse alma. De alma e ideal o romântico se faz e refaz, e para surpresa da tal revolução, ele coloca seus tambores para rufar. Uma bela canção.
O romântico talvez espere que ela se arme. A revolucionária talvez espere que ele se desarme. E talvez, então, este choque se complete para além da alma e enfim encontre o corpo.

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CANÇÃO DA MAIS ALTA TORRE

Que venha, que venha
O tempo da paixão.

Tive tanta paciência
Que para sempre esqueço.
Temor e penitência
Aos céus partiram.
E a sede doentia
Me escurece as veias.

Que venha, que venha
O tempo da paixão.

Assim o prado
Ao esquecimento deixado,
Engrandece, e floresce
De joio e incenso,
Ao zumbir tenso
Das moscas sujas.

Que venha, que venha
O tempo da paixão.

(porque é para a revolucionária que gosta muito de Arthur Rimbaud)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Peladinha

Catarina abaixa no chão e começa recolher com as mãos os cacos da vidraça estilhaçada por uma bola despretensiosa lançada pelos pés de um garoto ansioso em marcar o gol da virada. Um a um era retirado do chão, enquanto a essa altura, a molecada já havia abandonado a rua deixando o placar empatado 1 a 1.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hoje acordei com saudades, das boas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Moraria nesta hora

17h10. Minhas moléculas ficam agitadas nesta hora. É a melhor hora do dia.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre vontades III

Então, um desaparecido passa a ser uma foto. Passa a ser aquele momento guardado pela foto. Eu não sei quanta falta sentirei de uma foto que guardasse este momento. Foto é uma forma de arrumar algo desarrumado, materializar expectativas. Tocar em sonhos. Olhar para as sensações. Temo perder a memória disso tudo, deste estado bruto e ilimitado que me sou por hora e por agora. Quero foto desta coisa inteira. Indefinida. Inacabada. De partida.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Só para constar

Acabo de chupar limão e reafirmo o meu gosto pelo azedo. Rá!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pelo Arquiteto

Sabe como é que eu imagino a felicidade? Acho que, quando a gente é feliz, a gente está junto de alguém que tem a pele muito fina e depois a beijamos nos lábios e tudo se encobre de uma névoa rósea e o corpo da pessoa se transforma numa multidão de espelhinhos e quando olhamos para ela somos refletidos milhões de vezes, e passeamos com ela montados nas zebras e nas panteras em volta de um lago e ela nos puxa por uma corda e quando olhamos para ela chovem penas de pombos, que, caindo no chão, relincham como potros jovens e entramos depois num quarto e começamos a passear de mãos dadas pelo teto... E as cabeças se cobrem de ouriços que nos fazem cócegas e os ouriços se cobrem de ouro, cheios de presentes, e escaravelhos de ouro.

(de Fernando Arrabal, em 'O arquiteto e o imperador da Assíria', porque este é um texto que me toca e retoca)

Mecanicidade na cidade ou Sobre vontades II

Deixar-se flagrar de modo inesperado.
O amor filmado em partes.
Parte da vontade.
Como se subisse por escadas.
Como se quebrasse as paredes.
Refletindo o que se é?
O amor se constrói.
E naquele apartamento, o amor se monta.

(encantamento.afinidades.paixão.diferenças.distância...desejo. e o que virá? virá! e que não seja esta pobre linha)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sobre vontades I

Do amargo gosto de uma madrugada quase fria e paulistana experimento o azedo encanto de me dar. Me entregar. Sentir. Gozar de uma vontade.
Sim, vontade passa, mas me reconheço aos pés dela. Morreria súdita de todas as minhas vontades e obedeceria, sem objeções, todos os meus impulsos e instantes neste choque, nesta colisão que é viver.

(isso porque hoje eu acordei com uma mistura de gostos e sensações)