quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.
.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Pablo Neruda

Quis passar por aqui apenas para registrar

O amor é inviolável.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

inércia

s. f.
1. Falta de movimento ou de !atividade.
2. Preguiça, indolência.
3. Propriedade dos corpos que não podem alterar o seu repouso ou o seu movimento.

domingo, 15 de novembro de 2009

Em São Paulo

Se eu quisesse agora uma pausa no tempo, talvez ela viesse.
Se eu quisesse agora as lacunas do tempo, talvez eu tivesse.
Se eu quisesse agora me perder no tempo, talvez eu me perdesse. Talvez.
Acontece que eu não quero que o tempo pare.
Acontece que eu não quero espaços em branco.
Acontece que eu não quero me perder. Não mais.
Quero o tudo do meu agora. E só.
É o que me basta neste tempo.
Tempo de meu tempo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Me gustas cuando callas

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Pablo Neruda

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Brevidade me dê acalanto para eu acompanhar-te

Sabe quando você não consegue parar de pensar em uma coisa só?
Pois é, eu não consigo parar de pensar em uma única coisa.

Finjo que trabalho.
Finjo que tomo café.
Finjo que escuto.
Finjo que escrevo.

E aquela única coisa me toma por inteira, me devora como se eu não tivesse tempo para pedir que pare, como se eu não tivesse percepção para dizer não. Faz tempo eu disse sim aos eternos instantes initerruptos. Eu sei.

Finjo que estou.
Finjo esquecer.
Finjo que vejo.
Finjo-me ser.


Estado de celebração. Grito, sinto vida! Essa coisa que não me deixa é o viver? Estado de graça. É como se eu quisesse reunir cada pedacinho do agora para que ele não se vá, porém enquanto aqui digito mais uma letra sei que ele já se foi e continua indo, me navegando
fazendo-se fogalha. Não consigo parar de pensar nesta coisa que me acerca. Essa coisa é minha ou é de alguém? Ela que me toma e me torna inteira no presente. Quero apenas sensações, essas de agora que não me desviam o foco e me desconcentram do resto. Penso em uma única coisa.

Finjo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Agora

Gosto desta pintura, porque ela me passa a sensação que sinto agora
E então eu pergunto, por que as madrugadas são tão férteis?
Dona de prazeres e loucuras.
Senhora do meu gostoso e tranquilo caos.
Falo de coisas minhas e me perco nos tais excessos, o que não me impossibilita de dizer que eu estou me sentindo despretenciosamente livre e leve. Eu estou presente no "melhor dos mundos possíveis". Venham sujar-me! Arrebatam-me sempre que puderem, ó turbulentas instigantes madrugadas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre vontades IV ou Anoitecer

Quando o crepúsculo chega embaça os meus olhos. Ele chega e borra. As cores parecem perder o brilho. Ele chega e mancha. As formas parecem perder o contorno. Nesta hora é mais fácil confundir. Confesso, até gosto desta confusão. Será que o dia é noite? Será que a noite ainda é dia? "Eu moraria nesta hora". Sei também que quando a noite se estabelece emana beleza. Clareia os meus olhos. É tão segura, envolvente. Quero anoitecer.