terça-feira, 7 de julho de 2009

Pelo Arquiteto

Sabe como é que eu imagino a felicidade? Acho que, quando a gente é feliz, a gente está junto de alguém que tem a pele muito fina e depois a beijamos nos lábios e tudo se encobre de uma névoa rósea e o corpo da pessoa se transforma numa multidão de espelhinhos e quando olhamos para ela somos refletidos milhões de vezes, e passeamos com ela montados nas zebras e nas panteras em volta de um lago e ela nos puxa por uma corda e quando olhamos para ela chovem penas de pombos, que, caindo no chão, relincham como potros jovens e entramos depois num quarto e começamos a passear de mãos dadas pelo teto... E as cabeças se cobrem de ouriços que nos fazem cócegas e os ouriços se cobrem de ouro, cheios de presentes, e escaravelhos de ouro.

(de Fernando Arrabal, em 'O arquiteto e o imperador da Assíria', porque este é um texto que me toca e retoca)

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