terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Gole a gole

Ela me empurrou para uma dança sórdida.
Ah, quantos passos fora de compasso.
Alegria vaga. Movimento largo.
Tudo bem?

Ela me levou aos sonhos mais profundos e descabidos.
Disse que eu podia mais. Cada vez mais.
Instigou, provocou.
Rendida aos teus mistérios me entreguei ao seu amargor.

Descia pouco a pouco.
Subia pouco a pouco.
Gelou a máscara, esquentou o corpo.
Ela comeu meus muros, soltou meu riso, prendeu a minha fala.

Depois neguei tudo. Tudo.
Ela apagou a lembrança. Fingiu que curou.
Mas a estranheza da manhã perturbou meu sono.
Alegria solitária. Movimento curto.

Não ouvi nada. Nada.
O gosto amargo na boca gelada perpetuava a noite passada.
Olhei no espelho.
Eu, desconhecida para mim.
Eu, ainda estou aqui.
Desci, lentamente desci para não mais subir.

2 comentários:

Lina disse...

"Ela apagou a lembrança. Fingiu que curou." Tão botino isso, Nega. Este gole a gole doeu em minha garganta e nem sei bem o por quê. Te amo

Balela disse...

Sinto falta de quando demora para escrever, mas admiro que escreva quando tem algo para dizer. Disse bonito.
te amo