segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Porque são necessárias as vírgulas

Um dia inteiro de chuva. Sol tímido. Eu quieta. O que é esse tudo? Tudo. De alguma forma me sinto ligada a você, o que automaticamente faz a minha pele corroer. Sinto frio na espinha. Medo. Não sei de ti. O que sei de mim? Um instante. E me noto construindo muros intransponíveis - um local infindo, para que eu me perca. Do que adianta tais versos? Tais palavras me emudecem sensações. Sentir. Céu nublado. Eu perdida. Chovo por dentro sem me molhar. E talvez eu prefira as idéias ao toque. A imagem ao olhar. Pelo medo. Tijolo sobre tijolo. Sentimentos tão contraditórios. Enterro o passado como se dele não fizesse parte. Mas receio o futuro. As lembranças ainda vivas. Alguém já disse “Amar o passado, enquanto o passado permite amar o futuro”. Meus altos muros me protejam!? Mas eu mesma já abandonei meu guarda-chuva, em um caminhar reservado com vontade de sorrir por aí. Uma vida inteira de vida. Tempo indefinido. Eu inquieta. Mexer no tudo é tão grande e assustador, quanto uma deliciosa tentação. A chuva cai incessante com breves pausas. A dor jorra meu veneno de asfalto molhado. O que é meu? O que é seu? Eu que já matei a razão ouço pingar no telhado. Gotas e gotas, no tempo em que o tudo escorre e me esvazia, me preparando para depois do ponto final.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sabe... hoje continua chovendo, aqui do quarto ouço a água caindo e acho que não vai parar. Não se pode controlar o tempo.

La Mariposa disse...

Sem chuva não há flores... Sem chuva não há vida.
Que chova o tempo que for necessário para que a vida floreça, numa manhã de segunda-feira ou num domingo depois do almoço.