quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Nasce, cresce, se reproduz e morre

De cadeira em cadeira a sala ficou vazia. A multidão sentada não tinha nada a dizer. Também não tinha nada a sentir. Petrificou. A ausência de luz se impunha sobre aqueles seres. Humanos talvez. Alimentam-se do passado e dormem a espera de algo, sem fechar os olhos. Abandonados a vida, lamentam o que não foram. Condenados a viver, contam histórias de si mesmos - que jamais vivenciaram. Só para acreditar. Seres humanos sim. São eles que têm esta coisa de “acreditar”. Estão sempre querendo crer. Na sala, deram-se nomes como se não fossem registrados em cartório e riram da desgraça alheia como se não fossem desgraçados. Sob o tapete persa inaugurado naquela noite todos brindaram o encontro erguendo taças de cristal. Erguiam também as posses, o "status", as vantagens e a indiferença. Uma máscara conversado com outra. E quem falava alto era o umbigo de cada um. Mesa farta, umbigo inchado e um buraco. Buraco esse a espera de ser tampado. E aqui inevitavelmente eles se igualam. Não tem pompa, não tem título, não tem perfume que os diferencie. Pobres humanos!

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