domingo, 20 de abril de 2008

Cão, cão, cão

Na insanidade da minha calça jeans tento me manter sentada, com os olhos parados, esbugalhados a flagrar pela janela aberta - que venta vento doído - a rabiola da pipa colorida que sobe e desce. Sobe e desce. Não diga que a menina de vestido florido pode pegar na maçaneta da porta fechada. Quando a buzina passa na rua, o brilho do asfalto reluz na retina da minha poesia refletida no verso da folha esquecida. Bandida menina que soa o sino, badala a criança na balança da vida que pulsa e mata. Vá e diga que sim. Sinta. Sinta tudo o que puder. O carro parado te espera. Se o homem de preto não te deixa passar grude o bilhete na cortina. O mundo vê. O mundo vê você. Roda. Roda. Roda. Não diga nada. Só respire. Inspire e expire. Coloca para fora o que te incomoda. Cuidado com o pus na garganta. Use capuz para proteger-se do vento que corta. O olho está aberto. Não feche! A porta tem maçaneta. O tempo escorre macarrão espaguete. O tempo escorre molho de tomate. Vista a camisa. Coma com o garfo. Limpe a boca. Não feche os olhos. Acorda! A corda arrebenta a tormenta de ser o que se quer. Apenas um burro deitado num piano soprando para a pipa subir.
-
-
-
(depois de Luis Buñuel)

2 comentários:

Balela disse...

Cansei. Pára!
beijos linda
ro

Lina disse...

Já te contei um acorda e a corda piscnalíticos? Vi você girando.
Te amo