quinta-feira, 7 de maio de 2009

Anseios subtraídos ou *An Seios


"E ninguém é eu. Ninguém é você. Esta é a solidão"
Clarice Lispector

Da terra
Tiro um amor despreparado.
Das máscaras
Arranco a meia luz de uma noite covarde.
Tomo banho apenas para sagrar-me limpa
Esquecendo-me de que suja andei por ai
Desamparada
Embriagada, talvez
Desesperada.
Dos sonhos
Peço uma clara manhã preguiçosa,
Com véus e promessas inacabadas
Exacerbadas
Malditas
Esquecidas.
Do ar busco apenas inspiração
Como cura dos prazeres outrora perdidos.
Agonia não tem face, pois
Porém sinto suas mãos frias
Nos meus seios
Sussurrantes
Que abrigam um céu inóspito
Insólito.
Sem querer a tenho aqui comigo
Sem ombros, nem colo
Num breu fétido e atrevido
De um caminho vívido
Fértil
E líquido
Que escorre
E eu deixo escorrer.


* An ou Anu era o deus do céu entre os Sumérios. Filho de Anshar e Ki-shar, esposo de Antu (Ninhurdag) com que gerou Enlil, era o deus mais venerável e velho entre os Anunnaki, fazendo parte de uma importante tríade divina, integrada também por Enlil, o deus dos ventos, e Enki (Ea), o deus das águas.O seu nome parece significar precisamente céu, ou alternativamente, o zénite do Sol. Era um deus cultuado em toda a Suméria, havendo santuários seus espalhados por todas as cidades do país.

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