quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Há tempos não chupo manga

A ignorância momentânea me leva aos deleitos prometidos em algum dia perdido. Na cama, sem nenhum cigarro depois do sexo e com um livro boquiaberto parado em cima do criado mudo. Nua, quis sentir ventar. Na varanda venta, lembro dele murmurar. Ventou até arrepiar.

Deitada no chão, olhei para a vida que anda lá fora. Entre listras, pude ver singularidades de uma rua qualquer. Hoje eu me lambuzei de manga, sem temer os fiapos que ficam no meio dos dentes. Gosto doce. Cheiro bom.

Voltei ao quarto incompleta. Apaguei a luz e lembro de ter dito "boa noite". Anos depois, lembraria do cafuné antes do sono profundo. Mais íntimo do que o sexo que fizemos, o sono. Isso é entrega. Dormi ao lado de um homem alto, de barba serrada, voz macia, toque áspero, desconhecido e poliglota - que nada tinha a falar.

Um comentário:

Lina disse...

Tantas língua e o não dizer. Gostei, Mi. bjos